segunda-feira, 26 de abril de 2010

Revolução do imponderável: quais os desafios da Gestão Criativa?

Para Victor Mirshawka, professor de Criatividade da FAAP, o processo de criação passa pelo foco na velocidade e na experimentação de ideias e produtos das empresas.


A cada nova leitura que faço sobre assuntos tais como tendências, contemporaneidade, pós-modernidade e desafios competitivos, a palavra velocidade aparece mais vezes. E isso torna o trabalho singelo de escolher um título de artigo sobre o tema cada vez mais complicado, pois começam a faltar termos que exprimam a sua relevância, já que temos discutido exaustivamente o papel preponderante da velocidade na necessária reinvenção dos modelos de gestão.

Junte-se a isso a crescente concordância de que vivemos na Era da Criatividade, em sucessão à Era do Conhecimento. Subsidie-se essa conclusão por variados trabalhos, desde a argumentação feita em favor do surgimento da Economia Criativa, por Richard Florida, até as recentes declarações de expoentes sagrados da Gestão, como Gary Hamel (vide excelente entrevista: A Gestão na Era da Criatividade, na revista HSM Management, Março/Abril 2010).

Procuro observar as minhas próprias dificuldades e desafios como gestor quando reflito sobre tudo isso. Daí a decisão pelo título desse texto. Revolução do imponderável me parece a forma mais contundente de lembrar que as mudanças atuais assumiram a tipologia do que se pode classificar como radical (revolução), e sua imponderabilidade (menor grau de previsibilidade) aumenta muito a pressão e o nível de complexidade dos problemas que serão colocados aos gestores. Coincidentemente, posso ilustrar esses desafios com um interessante exemplo da área de Pós-Graduação da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), que é aplicável a outras empresas, pois está atrelado a fatores similares.

Brasil: a primeira potência de semiletrados?



Gustavo Ioschpe  - Revista Veja – 14 de abril de 2010


"Apesar do oba-oba, o Brasil está próximo de ser um
colosso econômico e esquecer a formação de sua gente"





Quando voltei ao Brasil, depois de anos no exterior, queria montar meu escritório rapidamente. Contratei, então, um desses serviços de secretariado virtual para me ajudar enquanto iniciava o processo de busca por uma equipe permanente. Notei que a secretária virtual não era um gênio, mas achei que quebraria o galho. Certo dia, mandei um e-mail a ela pedindo que me conseguisse a informação de contato do cônsul brasileiro em Houston (EUA). Informação encontrável na internet em poucos minutos. Passaram-se cinco minutos, cinco horas, e nada.

Três dias depois, recebi um e-mail da fulana: "Sr. Gustavo, procurei na Cônsul e até na Brastemp, mas ninguém conhece esse tal de Houston". Pensei que fosse piada. Reli. Não era. Para quem havia ficado alguns anos construindo teses acadêmicas sobre a importância da educação para o desenvolvimento das nações, através do seu impacto na produtividade de uma população, estava ali o exemplo pronto e acabado de como é difícil produzir algo quando a ignorância campeia à volta. É assim para uma pessoa, uma empresa e um país.

Os economistas Gustav Ranis, Frances Stewart e Alejandro Ramirez ilustraram essa relação de forma clara. Analisaram 76 países durante um período de 32 anos. Dividiram-nos de acordo com dois critérios: crescimento econômico e desenvolvimento humano (nesse caso, medido através de uma combinação de indicadores de educação e saúde). Usando essas duas dimensões, você pode ter duas situações de equilíbrio (quando o lado humano e o econômico são igualmente altos ou baixos) e duas de desequilíbrio (quando o humano é alto e o econômico baixo, e vice-versa). Surgem algumas conclusões interessantes desse estudo.



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